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Casino avança na saída do GPA e abre caminho para novos protagonistas no varejo

Grupo francês abandona garantias em disputas fiscais enquanto Tanure e Ferri se posicionam na briga pelo controle da varejista

O grupo francês Casino segue com sua estratégia de retirada gradual do Brasil e, nesta semana, deu mais um passo decisivo. Em carta enviada ao GPA, dono das redes Pão de Açúcar e Extra, o Casino informou que irá deixar de prestar garantias financeiras relacionadas a processos fiscais bilionários enfrentados pela varejista brasileira.

O caso envolve uma disputa de R$ 2,55 bilhões com a Receita Federal em torno da dedução de ágio – valor pago a mais em aquisições de empresas – entre 2007 e 2013. A Receita questiona a legalidade dessas deduções e cobra valores adicionais, o que representa mais da metade das contingências fiscais do GPA, estimadas em R$ 4,8 bilhões segundo o último balanço da companhia.

Até então, o Casino atuava como fiador nesses processos, oferecendo respaldo financeiro. Com a retirada desse apoio, o GPA declarou oficialmente que discorda da decisão e pretende adotar todas as medidas jurídicas para preservar seus interesses, reafirmando que ainda considera válidas as garantias firmadas no passado.

Reestruturação e disputa por poder

A relação entre Casino e GPA, iniciada em 1999 e consolidada em 2012 com a tomada de controle da companhia, vem se desfazendo silenciosamente. Em meio a sua própria crise e processo de recuperação judicial na França, o grupo francês reclassificou o GPA como “ativo à venda” em 2023, sinalizando seu afastamento do negócio brasileiro.

Em março de 2024, o Casino teve sua participação diluída para 22,5% após um aumento de capital promovido pelo GPA, perdendo oficialmente o controle acionário. A participação atual do grupo francês soma 110,5 milhões de ações, avaliadas em torno de R$ 435 milhões.

Com esse espaço aberto, novos investidores se movimentam. Um dos nomes mais ativos é Nelson Tanure, conhecido por atuar em empresas em crise. Em parceria com o Banco Master, o próprio Casino e o executivo Ronaldo Iabrudi, ele propôs a substituição do atual conselho de administração da companhia.

Por outro lado, Rafael Ferri, fundador da GTF Capital e ex-sócio da TC, articula alianças com outros fundos, somando cerca de 8% do capital. A movimentação inclui o grupo Coelho Diniz, que atua no setor supermercadista em Minas Gerais. Ambos se preparam para disputar espaço na assembleia de acionistas marcada para 5 de maio.

GPA tenta resistir

Em processo de reestruturação (turnaround), o GPA enfrenta o desafio de equilibrar suas finanças em um cenário de juros elevados e endividamento. A companhia fechou 2024 com um prejuízo líquido de R$ 2,41 bilhões, superando o rombo de R$ 2,27 bilhões registrado em 2023. Embora as ações tenham subido 36,2% nos últimos 12 meses, a queda acumulada em cinco anos supera 90%.

Com o Casino fora de cena e novos grupos disputando o controle, o futuro do GPA se desenha em meio a incertezas e oportunidades.

Para acompanhar os próximos capítulos dessa movimentação no varejo brasileiro, siga a revista no Instagram: @midia.concept

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